Solar dos Teixeiras / Fundação “Os Nossos Livros'

O Solar dos Teixeiras é uma construção do século XVII e que tem a particularidade de apresentar fachadas de três pisos, correspondendo o último a um mezanino, e com uma planta retangular composta por dois corpos, volumetricamente diferenciados na fachada posterior, com coberturas em telhado de uma, duas e três águas, terminadas em beirada simples.

As aberturas do andar nobre ostentam aventais, nos quais se lavraram volumes tratados sob a forma de pontas de diamante.

O portal principal acede a um vestíbulo retangular de eixo longitudinal, com pavimento lajeado a cantaria, paredes com azulejos monocromos azuis sobre fundo branco de padrão fitomórfico e à esquerda possui, no início e no fundo do vestíbulo, portas de verga reta de comunicação com uma ampla sala para exposições, com pavimento cerâmico e teto de madeira. As janelas desta sala e uma do vestíbulo possuem conversadeiras e portadas de madeira.

No topo do vestíbulo vê-se um duplo arco de volta perfeita, sobre pilastras toscanas, a partir do qual se desenvolve a escada de cantaria de acesso ao andar nobre, com guarda em ferro, pintada de verde e com o corrimão em madeira.

No topo, abrem-se em ângulo duas portas, que acedem às várias dependências: uma ampla sala de leitura e de conferências, a antiga lareira, uma outra sala menor, uma sala de reuniões, e a área administrativa. No vestíbulo em frente das escadas, encontram-se, ainda, as escadas para o terceiro piso, onde se localizam as coleções de acesso reservado.

O edifício ostenta no ângulo superior da cornija, o brasão oitocentista do cunho da família Teixeira. O brasão do cunhal apresenta um escudo oval com as armas da família Teixeira: [de azul], com cruz [de ouro] patenteia e vazia. No timbre um unicórnio [de prata], armado [de ouro], sainte.

No final do séc. XIX ou princípios do séc. XX, o solar foi posto à venda, tendo sido adquirido pelo Dr. Aníbal Gomes Pereira, médico de profissão e que deixou o edifico de herança, após a sua morte, ao filho capitão Ramiro, do Quartel de Infantaria 10. A casa acabou por ser habitada pela sua viúva, filha e outros familiares, após a sua morte ao serviço da pátria em Cabo Verde.

Já nos anos 50, a viúva do capitão Ramiro tomou a decisão de vender o solar, tendo sido comprado por um grande empresário português, Altino Pereira, que nunca chegou a habitá-la, em virtude do escasso tempo que permanecia em Bragança.

Mais tarde, este foi adquirido por um sacerdote da diocese de Bragança para instalação de uma residência de idosos que nunca se chegou a concretizar. O seu abandono e degradação progressiva levou a que o imóvel fosse usado como abrigo provisório de algumas famílias desalojadas, regressadas de África após a guerra colonial.

A Câmara Municipal de Bragança adquiriu o edifício já devoluto, realizando as obras de recuperação do solar.

Aqui se instalou, por iniciativa e apoio da Câmara Municipal, a sede da fundação “Os Nossos Livros”, instituída por testamento pelo Doutor Artur Águedo de Oliveira (1894-1978), erudito político transmontano natural de Torre de Moncorvo, falecido sem descendência direta e detentor de razoável fortuna, sendo a sua Biblioteca inaugurada em 1996, descerrando-se o busto em bronze do Doutor Artur Águedo de Oliveira, seu fundador.

O Edifício possui uma estrutura adaptada aos fins a que se destina: rés-do chão, onde, além da Receção e do Átrio, existe uma sala, polivalente, de exposições; primeiro andar, no qual, além da área administrativa, se localiza uma ampla sala de leitura e de conferências, e um espaço menor usado como sala de reuniões, para trabalhos de grupo para estudantes, para realização de planos curriculares regionalistas, de projetos culturais, etc.; no terceiro andar, situam-se as coleções de acesso especificamente destinado a investigadores, e fundos submetidos a reserva de consulta.

O acervo bibliográfico possuído pela Fundação “Os Nossos Livros”, proporciona ao leitor recolher informações acerca do passado histórico, político, sociológico, financeiro, jurídico e cultural, e constitui, igualmente, um incentivo metodológico no estudo do planeamento do passado recente da História de Portugal.

O espólio bibliográfico desta Fundação é constituído por cinco áreas principais: Direito, Economia, Finanças, Política e História.

A coleção de livros do Doutor Artur Águedo de Oliveira, abrangia, na generalidade, todas as obras que absorviam a projeção política que o mundo português pretendeu alcançar na época salazarista. A História de Arte, a Literatura Portuguesa Clássica e a Filosofia Política, na sua evolução histórica, consubstanciam a sua ideologia e alicerçaram a sua prática política, nacional e internacionalmente exercida, plasmada no decurso do seu currículo profissional.